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Imprensa

Jornal : Rhein-Neckar-Zeitung / Feuilleton

Data: 14 de janeiro de 2014
 
Sonoridades da Alma Brasileira
Olinda Alessandrini no DAI com um refinado Programa de Raridades
 
Por: Klaus Ross
 
No penúltimo Concerto da 26ª. Semana do Piano de Heidelberg, pela primeira vez na longa história do Festival, Martin Münch e a Sociedade Jahrhundertwende receberam uma pianista brasileira no DAI (Deutsche Amerikanische Institut – Instituto Americano Alemão). A pianista Olinda Alessandrini é uma embaixadora mundialmente referenciada como representante da música do seu país – há muitos anos conhecida pela interpretação ideal e execução competente da literatura pianística brasileira, da qual incluiu algumas peças de Heitor Villa-Lobos.
Neste conjunto incluiu o famoso Choro Nº 5 “Alma Brasileira”, com o qual O.A. abriu o seu concerto. Nesta peça expôs a melancólica saudade e a verve dançante de uma maneira sedutora.
A criativa palheta de cores sonoras de O.A. transpareceu bem nas 6 peças escolhidas entre as 16 Cirandas de Villa-Lobos, entre as quais “Nesta rua” e “Passarinho Dominé”, que apresentaram surpreendente semelhança com Bartok. Com a peça de bravura “Festa no Sertão”, impressionista, e a valsa “Impressões Seresteiras”, plena de fantasia, a pianista completou o retrato do compositor em 30 minutos.
Além de Villa-Lobos, o mais importante compositor brasileiro do período, a pianista apresentou a Suite Brasileira Nº 2, de Lorenzo Fernandez, o “Prelúdio e Fuga” multicolorido de Edino Krieger e a belíssima “Dança de Negros” de Frutuoso Vianna.
O encontro musical foi coroado pelas charmosas explicações destas raridades musicais pela musicista, em excelente alemão.
Olinda Alessandrini sente-se à vontade também no repertório virtuosístico europeu, o que foi comprovado pela execução estilisticamente excepcional da 1ª. Valsa Mefisto, de Liszt, e da paráfrase sobre “O Danúbio Azul”, de Schulz-Evler, hoje raramente tocada.
Como “encore”, a pianista festejada pelo público de Heidelberg ofereceu 3 “Tangos brasileiros”, do valoroso Ernesto Nazareth, do qual o seu grande colega Villa-Lobos disse ser a “verdadeira corporificação da alma brasileira”.