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Imprensa

Jornal : Heilbronner Stimme

Data: 16 de janeiro de 2014
 
Quando o diabo dança, sai fumaça do Bösendorfer
Olinda Alessandrini, com “Brasil encontra a Europa”, no Festival de Música do Neckar, no Klinikum. 
 
Por: Leonore Welzin
 
A mão esquerda repousa sobre o teclado. Enquanto ela procura a sonoridade simples de um tom, o primeiro contato com o Bösendorfer é suave, até retraído. Então a “Alma Brasileira” de Villa-Lobos toma conta, e com ela Olinda Alessandrini.
Por vezes, os dedos da pianista correm velozmente, sem precipitação sobre as teclas. Então  ela percute tons únicos, no próximo momento as mãos voam como asas de pássaros para cima e para baixo, finalmente martela a pianista com a energia de um tímpano acordes selvagens sobre seu instrumento. Ela sublinha com tremolos no pedal acentuações arrebatadoras e rouba a respiração do público durante seu concerto no Salão Festivo da Klinikum com sua grandiosa execução.
“Brasil encontra a Europa” chama-se o programa que inicia com uma homenagem à alma da música brasileira e de seu representante Villa-Lobos. A pianista apresentou “Alma Brasileira”, Cirandas, Festa no Sertão e Impressões Seresteiras, com facetas do modernismo de Villa-Lobos, continuando com a 2ª. Suíte Brasileira do seu colega Lorenzo Fernandez, com sonoridades típicas de sua pátria.
Também o “Prelúdio e Fuga”, uma poesia musical e uma valsa lenta com motivos carnavalescos e urbanos do compositor vivo e notável Edino Krieger foi de grande efeito. Martin Münch, pianista e compositor, organizador de muitos dos concertos do Festival do Neckar, não prometeu demais quando disse que quase sai fumaça do teclado, e que  juntamente com Cristina Ortiz, são estas as duas melhores pianistas brasileiras.
Após tocar as peças fortemente expressivas de seus conterrâneos Villa-Lobos, Fernandez e Krieger, a intérprete se dirigiu ao encontro de obras dificílimas da literatura pianística européia: a “Arabescos sobre o Danúbio Azul” de Schultz-Evler e a “Valsa Mefisto Nº1” de Franz Liszt. Allessandrini executou tudo de cor, o que a qualifica como uma virtuose de alto calibre.
Pelos vibrantes aplausos, O.A. agradeceu no final com “Odeon” e “Escorregando” de Nazareth que, conforme Villa-Lobos, “era a verdadeira corporificação da alma brasileira”.